A IMPORTÂNCIA DA SELAGEM RESISTENTE A FOGO NA COMPARTIMENTAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

Por Eng Paulo Bellintani

Atualmente é de amplo conhecimento dos profissionais da área de segurança contra incêndio que a metodologia mais eficiente de prevenção de ocorrências deve ser constituída de sistemas de proteção ativa e passiva que atuem de forma integrada e complementar. Dentro das medidas de proteção passiva, que são aquelas incorporadas à arquitetura e construção das edificações, a compartimentação surge como uma peça fundamental para a segurança das pessoas, do patrimônio e da própria estrutura do prédio e é seguida no mundo todo, uma vez que subdivide a edificação em áreas menores, confinando qualquer foco de incêndio em seu local de origem e impedindo a propagação de fumaça, gases tóxicos e calor para os outros ambientes, facilitando a fuga dos ocupantes e o combate ao fogo.

                                                                                                                        Compartimentação Horizontal    

                                                                                                                         Compartimentação Vertical

Nesse contexto, as selagens resistentes ao fogo se tornam um dos itens mais importantes para a compartimentação porque são utilizadas em todas as passagens de instalações que cruzem os pisos e as paredes resistentes ao fogo (elétrica, hidrossanitários, ventilação, etc). O processo de selagem consiste em preencher essas aberturas com materiais apropriados seguindo procedimentos determinados pelos fabricantes, de modo a prover aquele ponto de uma resistência igual ou superior ao elemento que a contém, criando assim uma barreira de proteção eficiente naquele local no caso de incêndio e impedindo que ele se espalhe para outras áreas.

Há uma grande gama de materiais e sistemas no mercado brasileiro que podem cumprir essa função e para a correta escolha de qual usar, devemos procurar os fabricantes antecipadamente, ainda em fase de projeto, verificar as aprovações disponíveis e, a partir daí, desenvolver as aplicações baseando-se nas situações já conhecidas e testadas por eles, porém, ainda em muitos casos, por falta de conhecimento, as construtoras buscam os fornecedores já em fase avançada das instalações e as soluções podem ficar mais caras e, muitas vezes, tecnicamente inviáveis.

Podemos citar como principais exemplos dos materiais mais utilizados no mercado:

1. Selantes intumescentes, acrílicos, elastoméricos e à base de silicone
2. Colares, fitas intumescentes e dispositivos pré-concretados
3. Adesivos
4. Placas de lã mineral revestidas com material ablativo
5. Argamassas à base de cimento ou gesso
6. Espumas, tijolos e “travesseiros” intumescentes
7. Pinturas ablativas e intumescentes

Importante saber que a previsão das selagens nas instalações hoje em dia não é opcional, mas sim uma obrigação prevista em diversas normas e legislações e, no caso de sinistro, as consequências de sua ausência ou de ser feita de forma incorreta/incompleta recai sobre o responsável técnico que terá que justificar o porquê não cumpriu os requisitos previstos. Dentre outras, as normas principais são:

NBR 15.575 (Norma de Desempenho) – onde menciona em sua parte 3 a necessidade de selagens em todas as passagens de instalações de serviço;

IT-09 – Compartimentação Vertical e Horizontal, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, o qual é base para vários outros Estados do Brasil e detalha onde e como usar as selagens;

NBR 16.944-1 - estabelece os requisitos para classificação, desempenho, especificação, aplicação, instalação, responsabilidades, ensaios e inspeção, manutenção e comissionamento de selagens resistentes ao fogo em elementos de compartimentação.

Diante disso, conclui-se que é fundamental conhecer melhor as aplicações das selagens resistentes a fogo, os sistemas disponíveis e suas respectivas aprovações, propiciando que os profissionais de projetos e construção possam especificar corretamente os sistemas mais adequados para a proteção das passagens das instalações em suas edificações, garantindo assim a efetividade da compartimentação e o atendimento às legislações vigentes. Considerado como item indispensável na proteção passiva, podemos finalizar afirmando que a selagem das instalações veio para ficar e fazer parte da vida habitual dos profissionais que se envolvem na cadeia da segurança contra incêndio e que a disseminação de seu conhecimento e sua utilização é dever de todas as partes.

Eng. Paulo Bellintani
Engenheiro Mecânico pela Universidade Mackenzie com Especialização em Segurança contra Incêndio e Pânico, membro do GSI – Grupo de Segurança contra Incêndio da FAU-USP, da ABPP – Associação Brasileira de Proteção Passiva, dos comitês técnicos de selagem da ABNT CB-24 e há 15 anos no mercado de proteção passiva residencial, comercial e industrial.

Da Redação - Portal Incêndio

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