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Programa de manutenção preventiva garante vida longa aos edifícios

Programa de manutenção preventiva garante vida longa aos edifícios

Inspeções técnicas periódicas trazem confiabilidade às edificações ao evitar problemas que comprometem seu desempenho e a segurança dos usuários

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Fonte:  

Juliana Nakamura

Por melhores que sejam as tecnologias e as práticas construtivas, as edificações envelhecem. Por essa razão, exigem monitoramento periódico, que ajuda a evitar patologias que causam acidentes, comprometem a habitabilidade e, quando não controladas, podem levar ao colapso de estruturas.


Gerador deve ser inspecionado semanalmente (Foto: arnet117 / shutterstock)

“O objetivo das inspeções técnicas periódicas é realizar intervenções pontuais para sanar o problema antes que ele se torne grande, perigoso e exija solução onerosa, aumentando a vida útil da edificação”, diz o engenheiro Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia em Minas Gerais (Ibape/MG).

"O objetivo das inspeções técnicas periódicas é realizar intervenções pontuais para sanar o problema antes que ele se torne grande, perigoso e exija solução onerosa, aumentando a vida útil da edificação", diz Clémenceau Chiabi Saliba Júnior. “O problema é que no Brasil tem-se a cultura de negligenciar a manutenção de imóveis, seja por esquecimento, por ignorância ou por motivos econômicos, levando a uma quantidade incalculável de problemas que se manifestam em médio e longo prazo”, comenta a arquiteta Vanessa Pacola Francisco, coordenadora do grupo de trabalho de Compatibilização Técnica do Ibape/SP.

A falta de manutenção adequada nas edificações é responsável por anomalias das mais variadas. Um estudo realizado pelo Ibape-SP detectou que mais de 60% dos acidentes ocorridos em edifícios com mais de dez anos estão relacionados à deficiência ou inexistência de manutenção, perda precoce de desempenho e degradação acentuada.

MANUTENÇÃO PREVENTIVA – COMO FAZER?

Realizado por especialistas, o trabalho de inspeção predial se divide, resumidamente, em:

• Avaliação do estado de conservação e manutenção da edificação
• Constatação de não conformidades técnico-operacionais, de uso e de manutenção (anomalias e falhas)
• Avaliação do desempenho da edificação
• Identificação de riscos à operação e uso
• Proposta de adequações
• Elaboração de planos de manutenção e gestão operacional, bem como os prazos para implantação.

As inspeções prediais pressupõem uma avaliação sistêmica. “Fazendo analogia com a medicina, equivalem a um check-up no qual a edificação será inteiramente analisada por uma equipe multidisciplinar, da cobertura ao subsolo”, diz Chiabi. Segundo ele, todas as partes da edificação devem ser analisadas com base em leis, normas e preceitos técnicos. Ao todo são 42 sistemas construtivos a serem inspecionados, incluindo estrutura da edificação, revestimentos, pisos, impermeabilizações, instalações elétricas e hidráulicas.

A função da administradora é manter o síndico informado das necessidades de realizar a manutenção preventiva e ainda orientá-lo sobre como manter registro de toda a documentação gerada por essa manutenção. (Vanessa Pacola Francisco).

MANUTENÇÃO DE MANUTENÇÃO

Um documento primordial para viabilizar a manutenção em edifícios é o manual de uso, operação e manutenção do edifício, produzido pela construtora. As normas ABNT NBR 5.674 e ABNT 14.037 apresentam diretrizes para elaboração desse manual, bem como do sistema de gestão de manutenção da edificação. Já a ABNT NBR 15.575 (Norma de Desempenho) estabelece níveis de desempenho, sugestões de prazos de garantias, destacando a importância do correto uso e manutenção do imóvel.

Segundo Vanessa Francisco, compete à construtora informar como e quando deve ser realizada a manutenção preventiva de cada sistema. O síndico do edifício, por sua vez, deve garantir que a manutenção esteja em dia, bem como manter os registros de que os serviços foram realizados. “A função da administradora é manter o síndico informado das necessidades de realizar a manutenção preventiva e ainda orientá-lo sobre como manter registro de toda a documentação gerada por essa manutenção”, diz a especialista do Ibape-SP.

“Do ponto de vista pericial, observamos que as construtoras, embora habitualmente consertem problemas executivos nos cinco primeiros anos, não guardam nenhuma relação com manutenção preventiva”, comenta Clémenceau Chiabi. “Quanto ao síndico e à administradora, entendemos que a omissão ou a negligência que causar impacto na vida de terceiros pode implicar consequências cíveis e até criminais”, continua o engenheiro. Ele cita entre pontos críticos a falta de extintores em caso de incêndio e a contratação de empresas leigas em engenharia para realizar obras estruturais, promovendo dano à edificação.

Principais verificações 

Veja o que deve constar do plano de manutenção preventiva de um edifício*:

Periodicidade semanal 
Itens a serem inspecionados: sauna úmida (drenagem da água), gerador (nível de óleo e eventuais obstruções), reservatórios de água potável (nível dos reservatórios e funcionamento das boias) e irrigação (funcionamento).

A cada 15 dias 
Itens a serem inspecionados: bombas de água potável, água servida e piscinas, gerador e iluminação de emergência (efetuar teste de funcionamento).

Mensalmente 
Itens a serem inspecionados: jardins (manutenção geral), pressurização de escada (teste de funcionamento), ar-condicionado (manutenção do fabricante), portões e CFTV (manutenção geral e testes de funcionamento), bombas de incêndio (funcionamento), ralos e grelhas, calhas e canaletas das águas pluviais (limpeza).

A cada três meses 
Itens a serem inspecionados: porta corta-fogo (lubrificação), esquadrias de alumínio (limpeza geral se em zona marítima ou industrial), caixas de esgoto, de gordura e de águas servidas (limpeza).

A cada seis meses 
Itens a serem inspecionados: piscina (manutenção do filtro e tanque de areia), deck de madeira (verificar elementos de fixação), reservatórios (limpeza).

Anualmente 
Itens a serem inspecionados: lajes, vigas e pilares (verificação da integridade estrutural conforme ABNT NBR 15.575), sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (inspeção visual, integridade do sistema), áreas molhadas internas e externas, piscinas e reservatórios (integridade da proteção mecânica e da impermeabilização, juntas de dilatação, rejuntamento, sinais de infiltração, obstrução na tubulação e entupimento dos ralos, crescimento excessivo de árvores e raízes), rejuntamentos e revestimentos (verificar e refazer, se necessário), quadros de distribuição de circuitos (reapertar conexões), equipamentos de incêndio (recarga de extintores), cobertura (fixação das telhas).

A cada três anos 
Itens a serem inspecionados: paredes externas/fachadas (inspecionar e, se necessário, efetuar lavagem).

A cada cinco anos 
Itens a serem inspecionados: equipamentos de incêndio (teste hidrostático dos extintores e troca de mangueiras).

*Adaptado da ABNT NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenção.

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