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O Futuro dos Incêndios: o que vem depois?

O Futuro dos Incêndios: o que vem depois?

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Por Kathleen H. Almand, P.E., FSFPE, & Casey C. Grant, P.E.

O que significam para o futuro da segurança contra incêndios as grandes mudanças que estão acontecendo na sociedade, tecnologia, e ambiente? E como afetarão os códigos e normas da NFPA?

Em Novembro passado, 130 líderes dos campos da pesquisa, engenharia, serviços de combate a incêndio, proteção contra incêndio de instalações e da indústria, se reuniram em Washington, D.C., para celebrar o vigésimo quinto aniversário da Fundação para Pesquisa da Proteção Contra Incêndio (Fire Protection Research Foundation). O tema da conferência era “Preparar-se para os Próximos 25 Anos”, e apresentava todas as características de um ponto de referência quanto à nossa forma de pensar a proteção contra incêndios neste país. Os participantes eram desafiados a considerar as enormes mudanças que estão ocorrendo em três áreas fundamentais – sociedade e demografia; materiais e tecnologia; ambiente, energia, e sustentabilidade – e aquilo que essas mudanças significam para o futuro da segurança contra incêndios nos Estados Unidos, incluindo o seu impacto nos códigos e normas da NFPA. Este é um vislumbre desse futuro.

future firefighting icon 120Mais velhos, diferentes, mais numerosos: Sociedade e Demografia

De acordo com o orador do tema principal, Dr. Kevin McCarthy, especialista sênior em ciências sociais da Rand Corporation, a população dos Estados Unidos vai crescer regularmente durante os próximos 25 anos cerca de 1%, ou 3 milhões de pessoas, por ano. A imigração vai contribuir com 40% desse crescimento, com a porção Asiática e Hispânica da população total passando de 22% a 34%. O crescimento populacional vai ocorrer principalmente nos estados do sul e do oeste, mais notavelmente no Arizona, Florida, Nevada e Carolina do Norte, e será cada vez mais concentrado nas áreas urbanas. Algumas dessas áreas urbanas são sujeitas a catástrofes naturais de grande escala, de origem natural ou causada pelo homem, incluindo incêndios florestais, furacões, e terremotos. A composição da população está também mudando. A idade mediana da população vai passar de 35 a 38 anos. A percentagem da população trabalhando vai cair, enquanto a população idosa vai passar de 12,5 a 20% da população. Esses fatores significam que haverá mais famílias unipessoais e menos famílias com crianças, resultando em uma mudança dos tipos de habitação


Os programas de educação sobre segurança contra incêndio estão respondendo às mudanças demográficas e culturais de formas diferentes, incluindo a elaboração de mensagens para as pessoas idosas e para pessoas cuja primeira língua não é o inglês. Na mesa redonda da Conferência, Larry Mc Kenna, da U.S. Fire Administration, lembrou que barreiras culturais, profundamente enraizadas, continuariam a apresentar desafios aos defensores da segurança contra incêndio e que os esforços relacionados, como, por exemplo, os bombeiros voluntários, poderão sofrer um declínio nos próximos anos.


Os padrões de crescimento urbano mostram uma tendência crescente em direção aos assentamentos de densidade elevada, e isso vai requerer um realinhamento de todas as normas e códigos que lidam com o ambiente edificado. Algumas dessas preocupações já estão sendo estudadas por grupos como o Comitê Consultivo sobre Segurança nos Edifícios Altos, criado em 2004, que está lidando com a tendência crescente de construir edifícios mais altos, como conseqüência do aumento esperado das densidades populacionais. O participante a conferência Stacy Welch, de Marriott, notou que “os edifícios são mais complexos do que nunca, e se encontram nas áreas urbanas mais congestionadas.” Os Códigos de edificações como o NFPA 5000®, Código de Construção e Segurança de Edificações, terão que acelerar o ritmo face a esses padrões de mudança.


As nossas populações são cada vez mais concentradas em áreas urbanas e suburbanas, os nossos procedimentos de resposta de emergência, incluindo as rotas de evacuação e as táticas de combate a incêndio, devem se adaptar. Os bombeiros e outros serviços de emergência vão ter que manter o ritmo para lidar melhor com catástrofes de grande escala, naturais e causadas pelo homem. Documentos como a NFPA 1561, Sistema de Gestão de Serviços de Emergência em caso de Incidente, terão que se adaptar a essas mudanças.


Uma faceta particular dos padrões variáveis do crescimento urbano é o problema do fogo que afeta a interface terras naturais/meio urbano. Em décadas recentes vimos mais desses desastres, e as populações em mutação continuam a aumentar o problema. As iniciativas como o programa NFPA Firewise® estão assumindo maior importância, uma vez que fornecem orientações criticas às comunidades acerca de estratégias de redução de danos dos incêndios florestais, e documentos como a NFPA 114, Reduzindo os Riscos de Ignição de Estruturas Derivado de Incêndios Florestais, cada vez são mais importantes.


Com o envelhecimento da população devemos considerar formas eficientes de lidar com pessoas incapacitadas nas nossas estratégias de segurança contra incêndio. Por exemplo, o NFPA 72®, Código Nacional de Alarmes de Incêndio, lida com os requisitos para sinais efetivos para deficientes auditivos, e o NFPA 101®, Código de Segurança da Vida, está considerando neste momento mudanças nas provisões para o projeto de edifícios, para permitir a evacuação/segurança de pessoas incapacitadas, incluindo o uso de elevadores. Outros grupos como o Comitê Consultivo sobre Acessibilidade da NFPA vão estudar como melhor ajudar as populações com problemas físicos.


O declínio na força de trabalho vai afetar todas as disciplinas da segurança contra incêndios, disse o membro da mesa redonda Ozzie Mirkah, da Las Vegas Fire & Rescue. “A população que envelhece vai aumentar a demanda para resposta de emergência, ao mesmo tempo que os nossos números estão diminuindo,” diz Mirkah. “Devemos aumentar o nosso enfoque sobre a prevenção de incêndio para lidar com esta questão”.


future firefighting icon 120xNovas esperanças, novas preocupações: materiais e tecnologias

As próximas décadas serão marcadas por avanços importantes em materiais e tecnologias. Áreas incluindo disponibilidade e utilização da informação, biotecnologias, materiais inteligentes e nanotecnologia estão em rápido desenvolvimento, bem como as suas aplicações. As aplicações da biotecnologia, por exemplo, incluem a medicina personalizada, baseada em bases de dados da informação do paciente. As aplicações de nanotecnologia, entretanto, vão desde novas famílias de sensores químicos e biológicos e melhoramentos das capacidades das baterias até dispositivos pessoais portáteis de monitoração médica e capacidades melhoradas de monitoração humana e ambiental abrangente – todos com implicações de longo alcance para os bombeiros e os esforços de combate a incêndio.


Os avanços na tecnologia eletrônica, por exemplo, tem um enorme potencial para ajudar-nos a detectar incêndios. O membro da mesa redonda na Conferência, Bob Boyer de GE Security, disse que esses avanços, incluindo a tecnologia multisensores, “resultarão em um menos alarmes falsos, proporcionaria uma melhor detecção e melhoraria a eficiência.” O NFPA 72®, Código Nacional de Alarmes de Incêndio, está monitorando essas tecnologias para fornecer os critérios adequados de desempenho e instalação.


O impacto dos nanomateriais sobre a segurança contra incêndio ainda precisa ser plenamente pesquisado e entendido. Esses e outros novos materiais, usados na construção de mobílias e edifícios – novos materiais leves de construção dos tetos, por exemplo – podem mudar muitas das nossas abordagens no projeto básico de segurança contra incêndios. Os métodos de testes, usados para avaliar os riscos dos materiais, estão neste momento sendo tratados pelo Comitê de Ensaio contra Incêndio da NFPA, junto com outras organizações reguladoras dos ensaios de segurança contra incêndio.


Os avanços tecnológicos com aplicação direta para os bombeiros vivem um boom sem precedentes. “Precisamos continuar a estimular esse avanço e promover as melhorias dos serviços de combate a incêndio, como os sensores integrados e os sistemas de controle e localização, que vão ajudar muito os bombeiros” disse o membro da mesa redonda na conferência Anthony Hamins do NIST. As normas da NFPA sobre roupa e equipamento de proteção, como a NFPA 1971, Conjuntos de Proteção para Combate a Incêndios Estruturais e Combate a Incêndio de Proximidade, são constantemente atualizadas para implementar as tecnologias mais modernas.


A tecnologia aplicada às questões de segurança e saúde está sendo também objeto de um estudo intensivo. A participante da Conferencia Ellen Sogolow, do Programa de Subsídios para Assistência aos Bombeiros, notou “a aplicação de técnicas clínicas para monitoramento em tempo real da segurança do bombeiro durante incêndios”, incluindo respiradores melhorados e monitoramento mais preciso da temperatura corporal e do ritmo cardíaco. Esse tipo de pesquisa vai, em última análise, trazer novos e importantes dados para a segurança dos bombeiros e documentos relacionados com a saúde, como a NFPA 1582, Programa Médico Global para Corpos de Bombeiros.


A tendência de adaptação das tecnologias para atingir objetivos específicos de desempenho é diretamente aplicável aos sistemas de supressão de incêndios. A NFPA 13, Instalação de Sistemas de Sprinklers, fornece orientações sobre instalação e desempenho para um leque crescente de novos desenhos de sprinklers. As mudanças na configuração dos armazéns – conteúdos, embalagem, volume do armazém e sistemas automáticos de movimentação de mercadorias - em instalações de varejo e armazenagem, aumentam o volume e o risco dos produtos armazenados, criando cenários novos e desafiadores. A NFPA 13 responde a esse desafio com o desenvolvimento de novas recomendações para a proteção dos bens armazenados.


Enquanto muitas dessas tecnologias oferecem grandes promessas para o futuro da segurança contra incêndio, o orador Dr. Philip Anton, diretor do Acquisition and Technology Policy Center da RAND Corporation, lembrou que as novas tecnologias trazem com elas novas preocupações. A tecnologia dedicada à saúde e segurança poderia levantar questões relacionadas com privacidade e ética, disse Anton, enquanto os novos materiais poderiam apresentar novos riscos para a saúde ou novos conjuntos de riscos em relação ao incêndio.


future firefighting icon 120xxUm dilema inoportuno: Ambiente, Energia e Sustentabilidade

As mudanças climáticas são evidentes em todo o mundo. De acordo com o orador Shere Abott, diretor do Centro para a Ciência e Pratica da Sustentabilidade da Universidade do Texas, mais de 800 inundações graves ocorreram em todo o mundo desde 2000, e os incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos se multiplicaram por quatro nos últimos 30 anos. As emissões de dióxido de carbono cresceram um terço nos últimos 50 anos, com o aumento correspondente na temperatura media ambiente de 1°F (0.5°C). Os nossos recursos naturais estão diminuindo, como resultado do aumento da demanda e da degradação dos ecossistemas naturais. A demanda de água em todo o mundo triplicou nos últimos 50 anos; 36 estados nos Estados Unidos enfrentam uma falta imediata de água. Mais da metade da população mundial vive atualmente nas cidades, com esse número aumentando continuamente. Prevê-se que até 2050, o número de pessoas em todo o mundo vivendo em cidades vai duplicar ou triplicar para atingir 7 bilhões.


As implicações das mudanças climáticas são profundas e prometem de transformar a forma em que pensamos na segurança. Junto com o possível aumento do número e da gravidade das catástrofes naturais, o aumento da demanda em relação ao pessoal de emergência apela para uma nova tática e vai afetar as normas relacionadas com os Bombeiros, como a NFPA 1670, Operações e Treinamento para Incidentes de Busca Técnica e Resgate. “Precisamos ser mais flexíveis em relação às mudanças ambientais e aprender a melhor adaptar as nossas habilidades e estratégias de combate a incêndio,” disse o Chefe Bill Stewart, do Corpo de Bombeiros de Toronto, um membro da mesa redonda na conferência. “Precisamos adotar estratégias de adaptação e mitigação.”


As questões de energia relacionadas com transporte vão assumir ainda maior urgência, e os avanços vão criar novas oportunidades no combate a incêndio – e novos riscos. Um maior uso de veículos alternativos com seus diferentes combustíveis – biodiesel, etanol /álcool, hidrogênio, e eletricidade, por exemplo - apresentam diferentes tipos de riscos e precisarão táticas únicas de resposta à emergência e combate a incêndio, bem como dos sistemas de proteção contra incêndio. A NFPA tem sido proativa no tratamento de um desses novos combustíveis com o desenvolvimento da proposta NFPA 2, Código das Tecnologias do Hidrogênio.


A sustentabilidade vai alimentar uma pressão contínua sobre as restrições ambientais para uma série de químicos, uma tendência que afeta virtualmente todos os códigos e normas da NFPA, desde a seleção dos agentes de supressão até o controle de riscos dos conteúdos e mobiliários dos edifícios. A NFPA já se situa na vanguarda dessa questão. Por exemplo, a NFPA 2001, Sistemas de Extinção de Incêndio por Agentes Limpos, apareceu décadas atrás, diante da necessidade de obter sistemas de supressão de agente limpos, inócuos para o ambiente. Mas há muito por fazer. “Substitutos como os retardadores de chamas não conseguem o mesmo nível de desempenho [que os materiais tradicionais],” disse o membro da mesa redonda Jim Pauley da Schneider Electric/Square D Company. “Não existem alternativas óbvias”.


As fontes de água em declínio vão continuar a ter um impacto importante nos sistemas de supressão de incêndio e estratégias do combate a incêndio, desde o combate a incêndio residencial e projetos de sprinklers residenciais até os requisitos de pressão de água para edifícios altos e outras estratégias de controle de incêndio com alto consumo de água. Essas preocupações apelam para “novas abordagens nos ensaios e manutenção da proteção contra incêndio,” disse o participante a conferência Jon Hall, da FM Global. “Devemos encontrar novos métodos para reduzir o consumo de água”.


A consciência acerca da conservação da energia vai continuar a alimentar o desenvolvimento dos projetos de edifícios verdes. O impacto na segurança contra incêndio dos novos tipos de construção de paredes, a maior tensão térmica e as fontes de energia alternativas como a solar vão ter que ser consideradas. Já tem um impacto direto em códigos importantes como o NFPA 1, Código de Incêndio, e o NFPA 101®, Código de Segurança da Vida.

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