O que é Carga de Incêndio? Entenda como essa questão pode impactar no estoque e aprenda a fazer o cálculo
Carga de incêndio, segundo o Corpo de Bombeiros, é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os revestimentos das paredes, divisórias, pisos e tetos.
O que é Carga de Incêndio
Carga de incêndio é a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis contidos em um espaço.
Nela estão incluídos os componentes de construção, tais como revestimentos de piso, forro, paredes, divisórias etc. Esta é a denominada carga de incêndio incorporada.
Além das áreas destinadas a estocagens, todos os materiais da edificação, tais como peças de mobiliário, elementos de decoração, livros, papéis, peças de vestiário e materiais de consumo também devem ser considerados. Esta é a denominada carga de incêndio temporal.
É aplicada às edificações e áreas de risco para classificação do risco e determinação do nível de exigência das medidas de segurança contra incêndio.
Ao longo deste texto você verá:
- O que é a carga de incêndio;
- Como é feita a classificação;
- A importância desse tema quando se trata de estoque;
- Como fazer o cálculo;
- Uma planilha em Excel para te ajudar;
- 6 dicas e boas práticas de cuidados com o estoque.
Classificação da carga de incêndio
O desenvolvimento e a duração de um incêndio são diretamente influenciados pela quantidade de materiais combustíveis e seu poder de queima. Uma edificação em concreto armado, que não tenha nenhum material combustível em seu interior, nem mesmo mobiliário, gera um cenário totalmente diferente de uma edificação utilizada como depósito de papel.
Segundo a Tabela 3 do Decreto nº 63.911 a carga de incêndio existente, determina a classificação de risco da edificação, podendo ser baixa, média ou alta.
O risco de incêndio é fator determinante dos níveis de exigência das medidas de segurança contra incêndio. Quanto maior o risco, maiores as exigências.
Um exemplo disso, ocorre no dimensionamento dos extintores de incêndio de uma edificação. Quanto maior for o risco da mesma, mais perto os extintores devem estar do operador, obedecendo os seguintes critérios:
- Risco baixo – 25 metros
- Risco médio – 20 metros
- Risco alto – 15 metros
Vale ainda ressaltar, que a distância máxima entre um extintor e outro, não pode ser mais que o dobro das distâncias já mencionadas acima.
Como calcular Carga de Incêndio
Para elaboração do Projeto Técnico de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI), é preciso primeiro, determinar a carga de incêndio da edificação. Isso pode ser feito aplicados as seguintes metodologias:
Método de cálculo probabilístico
É baseado em resultados estatísticos em função do tipo de atividade exercida na edificação em estudo. Utiliza-se a tabela de cargas específicas por ocupação, do Anexo A, da Instrução Técnica nº 14/2019 do Corpo de Bombeiros como base.
Em regra, para determinação da carga de incêndio específica das edificações, aplicam-se as tabelas constantes dos Anexos A e B (métodos probabilísticos) da IT nº 14/2019.
As ocupações do Grupo “J” – depósitos, devem adotar obrigatoriamente a tabela relativa à altura de armazenagem constante do Anexo B.
Método de cálculo determinístico
É baseado no prévio conhecimento da quantidade e qualidade de materiais existentes na edificação em questão. É utilizado para edificações destinadas a explosivos (Grupo “L”) e ocupações especiais (Grupo “M”).
A carga é determinada por meio do cálculo de carga de incêndio específica, que é o valor da carga de incêndio (massa em quilos do material contidos em um espaço, multiplicado pelo fator potencial do componente) dividido pela área de piso do espaço considerado, expresso em megajoules (MJ) por metro quadrado (m²).
Veja a fórmula abaixo:
Como calcular carga de incêndio no Excel
Conforme já mencionado a fórmula leva em consideração o material estocado, sua combustibilidade e a área em m². A fómula não é complexa mas uma planilha no Excel pode facilitar muito a vida, não acha?
Aproveite então a planilha de cálculo de carga de incêndio desenvolvida pela OFOS para te ajudar nessa tarefa.
A relação da Carga de Incêndio com o estoque – edificações de uso de depósitos
A carga de incêndio existente e o nível de risco, influencia diretamente nos níveis de exigências quanto ao dimensionamento do sistema de hidrantes. São determinantes na definição do volume do reservatório de incêndio, vazões, pressões, e consequentemente no dimensionamento do conjunto moto-bomba.
As edificações com uso de depósito estão classificadas no grupo “J” perante o Decreto nº 63.911, conforme tabela abaixo:
O grupo J1 abrange depósitos de materiais incombustíveis. Nos demais grupos (J2, J3 e J4), o que define a classificação e exigências de segurança contra incêndio é a carga de incêndio.
Edificações com uso de depósitos e supermercados atacadistas tendem naturalmente, a concentrar grandes volumes de diversos tipos de mercadorias, e sua carga superam 1.200 megajoules por metro quadrado. Nessas condições os sistemas hidráulicos merecem atenção especial no dimensionamento em projeto, como já mencionado, pois exigem sistemas robustos.
Altura e empilhamento do estoque
Como a carga de incêndio está vinculada a quantidade de material combustível por metro quadrado, quanto maior a altura do empilhamento, maior será a carga, conforme podemos verificar na Tabela B da IT nº 14/2018.
Para uma edificação migrar de classificação J2 para J4 por exemplo, basta modificar a altura do empilhamento dos materiais. Tal ocorrência é muito comum em empresas de depósitos e transportadoras, devido à demanda do mercado, que podem aumentar significativamente o empilhamento de mercadorias.
Essa variação pode comprometer o dimensionamento dos sistemas de prevenção e combate a incêndios projetados para edificação. Em especial para o sistema de hidrantes, pois as características do mesmo dependem da carga de incêndio projetada e existente.
Estocagens com alturas superiores a 3,70 metros podem geram impacto significativo no dimensionamento das medidas de segurança contra incêndios. Pode ser exigido a construção de limites de compartimentação de áreas e instalação de sistema de chuveiros automáticos (sprinklers). Vale ressaltar que o sistema de sprinkler costumar ser extremamente caro.
6 dicas e boas práticas de cuidados com o estoque
- Mantenha o estoque conforme previamente determinado no projeto aprovado junto ao Corpo de Bombeiros;
- Em edificações classificadas como J-2 e J-3, procure não empilhar suas mercadorias em alturas superiores 3,70 metros. Dessa forma, você não terá gastos excessivos com equipamentos de combate a incêndio;
- Sempre ficar atentos com as características dos materiais estocados, para que a edificação não seja desenquadrada da classificação determinada no projeto aprovado. Isso geraria a necessidade de revisar o projeto, instalar novos equipamentos e solicitar nova vistoria;
- Não deixar materiais e palhetes vazios ou não, no meio do caminho, pois obstruí a circulação e os equipamentos de prevenção e combate a incêndios;
- Empresas transportadoras devem ficar atentas em épocas de grande demanda de estocagens, e manter cópias das notas fiscais a disposição. Isso auxilia no controle das quantidades de materiais que entram na edificação;
- As edificações com uso de comércio atacadista devem tomar cuidado com o armazenamento superior a 3,70 metros de altura. Caso isso ocorra, serão consideradas como de risco misto (comércio e depósito). Sendo assim, terão que atender as exigências mais rígidas de dois enquadramentos de edificações, o comércio e o depósito.