"A própria equipe da prefeitura universitária orientou os bombeiros onde buscar água. Tivemos certamente problemas de logística. Essa dificuldade logística não é do âmbito do Museu Nacional", continuou Leher.
Por volta das 2h desta segunda, a situação já havia sido controlada, mas os bombeiros trabalhavam para debelar pequenos focos de incêndio.
Ao todo, 80 homens e 21 caminhões dos bombeiros foram usados na operação. Veículos da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) e da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) ajudaram no transporte de água para o local.
O palacete imperial não tinha sistema de prevenção de incêndio, que seria instalado com verba de contrato de R$ 21 milhões para a restauração assinado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em junho, quando o Museu Nacional comemorou 200 anos.
"Esta é uma edificação muito antiga, que foi concebida em um contexto em que não havia uso de energia, como usam as edificações acadêmicas. Nós temos laboratórios, áreas administrativas, informática, que têm grande uso de energia", disse Leher. A restauração, afirmou, previa a instalação de um sistema de prevenção de incêndio muito robusto".
Leher defendeu que a UFRJ não dispõe de recursos para custear as obras. "A UFRJ, como as demais universidades brasileiras, vive hoje em um contexto de muita restrição orçamentária. E é obvio que nesse contexto todas as áreas da universidade são afetadas", alegou.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, cobrou responsabilidade do governo federal na alocação de recursos para o museu e pediu apoio para a reconstrução. Em maio, antes da comemoração do bicentenário, ele já alertava sobre as precárias condições do edifício.
"Seria um covardia para com a UFRJ querer que ela resolva todos os problemas, que vêm de muito tempo", disse ele nesta segunda. "Nós podemos e devemos trabalhar para que essa instituição fique de pé novamente. Nós contamos com a UFRJ para isso e lembramos ao governo federal da sua imensa responsabilidade com esse processo."
Ele disse que ainda não é possível estimar as perdas no acervo da instituição, que tinha mais de 20 milhões de itens. Antes que o fogo se espalhasse, bombeiros e funcionários conseguiram retirar peças e equipamentos do edifício.
Leher admitiu, porém, que as perdas são de "enorme magnitude". "Não temos como informar quais acervos foram perdidos, mas certamente muitos acervos etnográficos, que são mais vulneráveis ao fogo, botânicos, etc, foram irremediavelmente perdidos", afirmou.
"Para o país é uma perda imensa. Aqui nós temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Aqui temos a história do período de colonização portuguesa, temos o ato simbólico da constituição da República, muitos documentos que falam sobre a nossa memória", lamentou o reitor da UFRJ.
Fonte: Folha Uol